O que vou tentar resumir aqui foi uma coisa muito boa que me aconteceu no final da tarde de ontem. Estava esperando a chuva passar para voltar pra casa. Precisava me distrair um pouco e decidi ir ao shopping. Como chovia forte, subi até a praça de alimentação e resolvi tomar um café, ler o jornal até que a chuva ficasse mais fraca.
Brasília recebe muitas pessoas de fora nessa época do ano. Pessoas que chegam enganadas pela ilusão de que aqui é um paraíso e que terão muitas chances. Pode ser, mas para esse tipo de pessoas, a cidade se torna uma verdadeira selva,
onde precisam sobreviver de alguma maneira. Pedir é uma delas.
Lá estava eu..quieto, lendo o jornal, mais precisamente sobre a febre amarela no DF, quando um garoto se aproximou de mim e disse:
"- Tio, paga uma comida pra mim?"
Imediatamente eu olhei para os lados, pois com certeza um daqueles seguranças de shopping estaria vindo pra enxotar o garoto. Mas pra minha surpresa a área estava livre!
"- Uma comida? " perguntei.
"É...não comi hoje ainda..." ele disse.
Adivinha quem chegou em seguida? Isso mesmo...o guardinha. Geralmente eles são mal educados, chatos.
"-Sai daqui, menino, você não pode ficar aqui nem pedir nada, sai."
"-Eu vou pagar alguma coisa pra ele comer porque ele está com fome."
"-O senhor não pode fazer isso."
"-Posso sim, estou pagando, além do mais, a criança não incomodou ninguém, nem a mim."
" -O shopping não se responsabiliza por danos ou problemas que ocorrerem com...."
"-Olha, eu sou bem grandinho e sei me defender e não sou nenhum marginal pra fazer mal ao garoto, blá, blá, blá..."
O "bate-papo" com o "segurança" foi longo. Não subo o tom de voz quando quero argumentar. Uso as palavras certas, na hora certa. Geralmente funciona!
Paz...
Enfim, consegui pagar o lanche para o garoto. Descobri que ele faz parte de uma daquelas famílias que chegam aqui em busca de alguma coisa, mas como não conseguem, ficam reféns do acaso, até conseguirem voltar pra onde nunca deveriam ter saído.
Uma graça o garoto. Ficamos ali no café conversando por mais de uma hora. Falante ele e eu bom ouvinte, então...
Fiquei observando as marcas que já faziam parte da vidinha dele: as mãos maltratadas, pele meio queimada de sol, unhas, as roupinhas surradas - bem diferente deste da imagem - o apetite voraz que tinha, fazendo do pão com queijo e um copo de suco um verdadeiro banquete. 8 anos. Poderia ser meu filho, cronologicamente falando, risos. E o nome...ah o nome. Quando perguntei e ele me disse, eu caí na gargalhada! Não vou dizer porque vocês podem falar: "Ah...você está inventando isso..." Mas não estou, juro. Adivinha como ele se chama? Isso mesmo.
Ele olhou pra mim e disse: "-Você não gosta do nome?" Esperto o garoto.
"- Gosto...ah se gosto desse nome, você não faz idéia, ......."
Bom, eu poderia escrever mais sobre isso, mais detalhes, mas ficaria longo demais.
Terminamos o lanche, eu o deixei na porta do shopping, apertei a mão dele e disse:
" ........, não posso fazer muita coisa por você, mas fiz aquilo que me pediu. Você é um garoto esperto, use isso para o lado bom e você vai conseguir mudar essa sua situação, no tempo certo, se cuide também, ok?"
Não sei se ele entendeu, nem se vai se lembrar disso depois futuramente. Gostaria que sim. Quem sabe. A imagem dos olhos dele me olhando vai ficar guardada.
Fiz tudo aquilo porque senti vontade de fazer, não me custou quase nada, mas me trouxe muita satisfação.
Sou cuidadoso, gosto do bem estar das pessoas que estão perto de mim - eu sempre peço para que as pessoas se cuidem...e muitas vezes não cuido de mim, engraçado, não?
Para este ano, quero muito poder cuidar mais de mim, da minha vida, meus projetos e alcançar tudo que puder.
Que Deus abençoe aquele garoto!
Abraço a todos...e beijos, amor meu.
Brasília recebe muitas pessoas de fora nessa época do ano. Pessoas que chegam enganadas pela ilusão de que aqui é um paraíso e que terão muitas chances. Pode ser, mas para esse tipo de pessoas, a cidade se torna uma verdadeira selva,
onde precisam sobreviver de alguma maneira. Pedir é uma delas.
Lá estava eu..quieto, lendo o jornal, mais precisamente sobre a febre amarela no DF, quando um garoto se aproximou de mim e disse:
"- Tio, paga uma comida pra mim?"
Imediatamente eu olhei para os lados, pois com certeza um daqueles seguranças de shopping estaria vindo pra enxotar o garoto. Mas pra minha surpresa a área estava livre!
"- Uma comida? " perguntei.
"É...não comi hoje ainda..." ele disse.
Adivinha quem chegou em seguida? Isso mesmo...o guardinha. Geralmente eles são mal educados, chatos.
"-Sai daqui, menino, você não pode ficar aqui nem pedir nada, sai."
"-Eu vou pagar alguma coisa pra ele comer porque ele está com fome."
"-O senhor não pode fazer isso."
"-Posso sim, estou pagando, além do mais, a criança não incomodou ninguém, nem a mim."
" -O shopping não se responsabiliza por danos ou problemas que ocorrerem com...."
"-Olha, eu sou bem grandinho e sei me defender e não sou nenhum marginal pra fazer mal ao garoto, blá, blá, blá..."
O "bate-papo" com o "segurança" foi longo. Não subo o tom de voz quando quero argumentar. Uso as palavras certas, na hora certa. Geralmente funciona!
Paz...
Enfim, consegui pagar o lanche para o garoto. Descobri que ele faz parte de uma daquelas famílias que chegam aqui em busca de alguma coisa, mas como não conseguem, ficam reféns do acaso, até conseguirem voltar pra onde nunca deveriam ter saído.
Uma graça o garoto. Ficamos ali no café conversando por mais de uma hora. Falante ele e eu bom ouvinte, então...
Fiquei observando as marcas que já faziam parte da vidinha dele: as mãos maltratadas, pele meio queimada de sol, unhas, as roupinhas surradas - bem diferente deste da imagem - o apetite voraz que tinha, fazendo do pão com queijo e um copo de suco um verdadeiro banquete. 8 anos. Poderia ser meu filho, cronologicamente falando, risos. E o nome...ah o nome. Quando perguntei e ele me disse, eu caí na gargalhada! Não vou dizer porque vocês podem falar: "Ah...você está inventando isso..." Mas não estou, juro. Adivinha como ele se chama? Isso mesmo.
Ele olhou pra mim e disse: "-Você não gosta do nome?" Esperto o garoto.
"- Gosto...ah se gosto desse nome, você não faz idéia, ......."
Bom, eu poderia escrever mais sobre isso, mais detalhes, mas ficaria longo demais.
Terminamos o lanche, eu o deixei na porta do shopping, apertei a mão dele e disse:
" ........, não posso fazer muita coisa por você, mas fiz aquilo que me pediu. Você é um garoto esperto, use isso para o lado bom e você vai conseguir mudar essa sua situação, no tempo certo, se cuide também, ok?"
Não sei se ele entendeu, nem se vai se lembrar disso depois futuramente. Gostaria que sim. Quem sabe. A imagem dos olhos dele me olhando vai ficar guardada.
Fiz tudo aquilo porque senti vontade de fazer, não me custou quase nada, mas me trouxe muita satisfação.
Sou cuidadoso, gosto do bem estar das pessoas que estão perto de mim - eu sempre peço para que as pessoas se cuidem...e muitas vezes não cuido de mim, engraçado, não?
Para este ano, quero muito poder cuidar mais de mim, da minha vida, meus projetos e alcançar tudo que puder.
Que Deus abençoe aquele garoto!
Abraço a todos...e beijos, amor meu.
1 Comentário:
é a vida . e apesar da dureza . é bonita . é bonita . e é bonita . pelo menos o poeta registrou . e voce teve a chance de vivenciar . partilhar . esta beleza . com um garoto . agora . com os amigos .
Postar um comentário
Obrigado por deixar seu comentário!
Ele será lido e publicado posteriormente.