O doutor Freud ensinou em “Luto e melancolia” que, quando “mal feito”, o luto pode nos lançar numa dor e tristeza sem fim: privados do objeto de nosso amor, acabamos tendo um prazerzinho mórbido em cultivar sua falta, reafirmar nosso desamparo e, desta forma, adiar infinitamente uma desejável (e às vezes impossível) “cura”, já que ficar “enfermo” é manter uma ligação com quem ou o que se perdeu. Conformar-se não é, no entanto, suficiente. É preciso meter o pé na lama, ruminar as perdas e, finalmente, mostrar quem manda na casa: você, com sua vontade; ou a tristeza, com sua força insidiosa e devastadora.
Superar isso é, como escreveu Elizabeth Bishop, “Uma arte”. O poema com esse título é o inventário de uma mulher baleada pelo saldo, pouco favorável, das perdas e ganhos.
“A arte de perder”, escreve ela, “não é nenhum mistério”.
Superar isso é, como escreveu Elizabeth Bishop, “Uma arte”. O poema com esse título é o inventário de uma mulher baleada pelo saldo, pouco favorável, das perdas e ganhos.
“A arte de perder”, escreve ela, “não é nenhum mistério”.
“Perdi duas cidades lindas e um império que era meu,
dois rios e mais um continente.
Tenho saudades deles.
Mas não é nada sério
Mesmo perder você - a voz, o ar etéreo que eu amo -
não muda nada.
Pois é evidente que
a arte de perder não chega a ser mistério...
por muito que pareça"
dois rios e mais um continente.
Tenho saudades deles.
Mas não é nada sério
Mesmo perder você - a voz, o ar etéreo que eu amo -
não muda nada.
Pois é evidente que
a arte de perder não chega a ser mistério...
por muito que pareça"
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